Estamos na comemoração de mais um aniversário do “Grande Salto” entre Cabo Verde e os Penedos de S. Pedro e S. Paulo, (11h30 de voo, 1700 Km), que só foi possível devido aos métodos de navegação astronómica de precisão, desenvolvidos por Gago Coutinho. Um voo cansativo, num avião instável, pilotado pela mão firme de Sacadura Cabral, sobre um oceano vazio, sem TSF nem qualquer ajuda exterior. Excepto o Sol …
Ponderamos sobre os benefícios, para a Humanidade, dos métodos de navegação desenvolvidos por Gago Coutinho. A partir deste voo, foi possível ter a certeza de chegar, por avião, a qualquer ponto do mundo, a partir das suas coordenadas geográficas.
Quando se chegou ao espaço, a navegação astronómica continuou a guiar os Homens. O sextante também fazia parte dos satélites.
O dia 17 de Abril marca dois eventos: a infeliz amaragem do “Lusitânia”, nos Penedos, e a feliz amaragem da Apolo 13, no Pacífico. O que há de comum entre eles?
– Navegação astronómica, métodos de navegação pré-preparados antes da partida, e o uso de corpos celestes para encontrar o ponto de chegada. E a coragem dos Homens.
Não sendo possível usar o sextante a bordo da Apolo 13, devido à quantidade de lixo em redor da cápsula, depois da explosão da célula de combustível, foi usada toda a nave para fazer pontaria sobre a Terra (na linha divisória entre a parte iluminada e a parte escura da Terra).
Antes do voo, um empregado da TRW tinha pensado: “como navegar no espaço, se as estrelas não forem visíveis?”.
Esta era a ideia “que não lembrava nem ao diabo”, dado que ninguém percebia, sequer, como isso podia alguma vez acontecer …
Contudo, a proposta de desenvolver o programa foi aceite pela NASA, foi testado, e estava disponível para trazer a nave de volta.
O arrojo intelectual de Coutinho, e a coragem de Sacadura permitiram o feito da 1ª Travessia Aérea do Atlântico Sul.
47 anos depois, 3 Homens no espaço, e uma equipa internacional e anónima na Terra, permitiram o regresso em segurança da Apolo 13.
O mesmo espírito, mas com uma flagrante diferença de meios.
Para saber mais sobre o episódio da Apolo 13, veja o artigo da série publicada por Nancy Atkinson na “UniverseToday”: