Esquema dos navios de apoio à travessia de 1919 (Crédito: wikipedia)
Uma esquadrilha de três hidroaviões da Marinha dos Estados Unidos partiu de Rockaway Beach no estado de Nova York nos Estados Unidos da América, com escala em Halifax, Terra Nova e Açores, apoiados por 21 navios da Marinha de guerra norte americana, colocados de 60 em 60 milhas emitindo sinais de luz e de rádio para orientação dos aparelhos, ligando assim os Estados Unidos à Europa pela primeira vez.
amarou no rio Tejo frente à Torre de Belém, um único hidroavião norte-americano Curtiss NC-4 “Liberty”, concluindo a Primeira Travessia Aérea do Atlântico Norte. Esta missão foi comandada pelo Capitão Tenente Albert Cushing Read e pelos 2ºs. Ten. Elmer F. Stone e Walter Hinton, mecânico Eugene T. “Smokey” Rhoads e radiotelegrafista Herbert C. Rodd. Foram recebidos pelo Capitão Tenente Sacadura Cabral no Centro de Aviação Marítima do Bom Sucesso.
O Vickers “Vimy” a descolar da Terra Nova – uma descolagem difícil, na qual esteve quase a terminar a viagem. Crédito: Wikipedia
os aviadores britânicos John Alcock and Arthur Brown fizeram a Primeira Travessia Aérea do Atlântico Norte, sem paragens. Voaram num avião Vickers Vimy modificado. Partiram de St. John’s, Terranova, e chegaram à Irlanda, em Clifden, Galway. Ganharam o prémio do Daily Mail para a “primeira travessia do Oceano Atlântico, em aeroplano, em menos de 72 horas consecutivas”.
Descolou da Amadora com destino à Ilha da Madeira, um avião Breguet 14 A2, conhecido por “Cavaleiro Negro”, tripulado pelos militares do Exército Sarmento Beires e Brito Pais. Não chegaram ao seu destino, tendo sido salvos pelo navio “Gambia River”.
Chegada à Madeira. A amaragem foi feita pelo piloto Ortins de Betencourt.
Sacadura Cabral como comandante e piloto, primeiro-tenente piloto naval Ortins de Bettencourt como segundo piloto, Gago Coutinho como navegador, e o francês Roger Soubiran como mecânico, realizaram a primeira viagem aérea Lisboa – Funchal, percorrendo 983 quilómetros em 7 horas e 40 minutos, utilizando o mais recente equipamento, comprovando assim a eficácia dos métodos de navegação aérea.
Foi usado um hidroavião Fairey “Felixtowe F-3” #N4018, equipado com dois motores Rolls-Royce Eagle de 350 Hp, de 8 cilindros em V e hélices de quatro pás em madeira, recebido da Grã-Bretanha em 1920.
O regresso a Lisboa em 6 de Abril efectuou-se a bordo do contratorpedeiro “Guadiana”, pois ao tentar descolar da Ilha de Porto Santo, o casco do hidroavião sofreu um rombo, provocando o incêndio das bóias de sinalização que se encontravam a bordo, no que resultou na destruição do avião, colocando assim o término a todas as oportunidades de ser usado para a travessia do Atlântico Sul.
A travessia de 1922 teve de vencer os desafios da travessia atlântica usando um avião de cockpit aberto, durante longas etapas e num ambiente humanamente agressivo.
Apenas a coragem e determinação de Sacadura Cabral – o único piloto do avião – e o conhecimento e experiência de Gago Coutinho – navegador – lhes permitiram o sucesso.
Ambos pertenciam à Aviação Naval, da Marinha de Guerra Portuguesa.
O "Grande salto", a etapa entre S. Tiago (Cabo Verde) e os Penedos de São Pedro e São Paulo, de 1.682 Km, demorou 11h21m. Foi especialmente exigente aos aviadores, que confiaram as suas vidas à certeza do método de navegação inventado por Gago Coutinho.
A travessia foi feita sem apoio de rádio, no “Lusitânia”, e sem apoio de navios de superfície que balizassem o seu trajecto, ao contrário de outras travessias anteriores, no Atlântico Norte.
A UNESCO inscreveu o Relatório da 1ª Travessia Aérea do Atlântico Sul, no Registo da Memória do Mundo, a 27 de Julho de 2011, que a partir desta data, é considerado Património da Humanidade.
Sacadura Cabral, planeou uma volta ao Mundo em avião, com partida e chegada a Lisboa, em sentido inverso à da viagem de Fernão de Magalhães. Ninguém tinha ainda atravessado o Oceano Pacífico pelo ar.
Para o efeito, foram adquiridos na Holanda 5 hidro-aviões Fokker T III para a Aviação Naval.
Um destes aparelhos tinha um depósito de 1820 litros que lhe oferecia mais autonomia, comparada com a versão standard, que tinha um depósito de 1200 litros. Cabral pretendia usar o aparelho com mais autonomia para as últimas etapas do percurso, sobre o Pacífico.
Foi num desses aparelhos Fokker #4146 , que no dia 15 de novembro de 1924 num voo de Amesterdão para Lisboa, Sacadura Cabral e o cabo mecânico Pinto Correia, desapareceram no Mar do Norte, por causas ainda hoje desconhecidas.
A primeira ligação aérea entre Portugal e Macau, teve início em Vila Nova de Milfontes em 7 de Abril de 1924, num avião Breguet 16 B2, baptizado de “Pátria 1”, com motor Renault de 300 Hp. A viagem realizada por Sarmento Beires, Brito Pais e Manuel Gouveia.
Devido a más condições atmosféricas, o avião sofreu danos irreparáveis no deserto de Thur, na India. Foi substituído por um avião De Havilland Liberty, DH9 de 400 Hp comprado na Índia (e adquirido graças a contribuições da população portuguesa, em ampla campanha popular) e baptizado de “Pátria II”, completando assim a viagem até Macau.
Para saber mais:
A 27 de Março de 1925, iniciou-se o Raid Lisboa – Guiné (Bolama) com Pinheiro Correia (piloto), Manuel António (mecânico) e Sérgio da Silva no Breguet 14 baptizado de “Santa Filomena”, equipado com um motor Renault de 300 HP. Aterram em Bolama a 2 de Abril.
A expedição do “Plus Ultra” realizou o primeiro voo transatlântico entre Espanha e a América do Sul em Janeiro de 1926, com uma tripulação de aviadores espanhóis, que incluía: Ramón Franco, Ruiz de Alda Miqueleiz, Juan Manuel Duran, e Pablo Rada. Foi feita num hidroavião Dornier Do J Wal.
O “Plus Ultra” partiu de Palos de la Frontera, em Huelva, Espanha, a 22 de Janeiro e chegou a Buenos Aires, Argentina, a 19 de Fevereiro. Fez escala na Gran Canária, Cabo Verde, Fernando de Noronha, Pernambuco (Recife), Rio de Janeiro, Montevideu e Buenos Aires. A viagem de 10.270 km foi completada em 59 horas e 39 minutos.
No dia 2 de Março de 1927, iniciou-se em Alverca, no Rio Tejo, mais uma grande jornada transatlântica, inicialmente prevista com a finalidade realizar a viagem de circum-navegação, idealizada por Sacadura Cabral.
Sarmento Beires como comandante, Duvalle Portugal como 2º piloto, Jorge de Castilho como navegador, e o alferes Manuel Gouveia como mecânico, descolaram num hidroavião Dornier J Wal, batizado com o nome de “Argos”, equipado com um bimotor de 450 HP, rumo ao Brasil, utilizando apenas os meios de navegação astronómica com um sextante modificado por Jorge de Castilho, onde aplicou um inovador sistema de iluminação.
Em 16 de Março de 1927, teve início o grande feito histórico da “Primeira Travessia Aérea Nocturna do Atlântico Sul”, ligando Bubaque na Guiné, amarando na Baía de Santo António na Ilha de Fernando Noronha no Brasil, no dia seguinte 17 de Março de 1927, percorrendo 2595 quilómetros em 18 horas e 11 minutos a uma velocidade de 103 km/hora.
O regresso imediato foi sugerido pelo Governo Português via Cabo Verde e Madeira. Devido às más condições meteorológicas, Sarmento Beires foi aconselhado por Gago Coutinho a regressar via América do Norte, Terra Nova e Açores.
A viagem de regresso iniciou-se no dia 1 de Junho descolando de Belém do Pará, rumo às Guianas, dobrando o Cabo Norte. Devido a diversos incidentes, entre os quais o rombo de uma asa provocado por uma tampa de inspecção que saltou em pleno voo e a fractura de um dos flutuadores do “Argos”, provocou o naufrágio e a perda da aeronave. A tripulação foi recolhida por uma canoa de pescadores.
No dia 27 de Junho, Sarmento Beires, Jorge Castilho e Manuel Gouveia, chegaram a Lisboa a bordo do navio “Hildbrand”.
João Ribeiro de Barros, aviador brasileiro, acompanhado de Arthur Cunha (na primeira fase da travessia) e depois João Negrão (co-pilotos), Newton Braga (navegador), e Vasco Cinquini (mecânico), tentaram realizar a travessia aérea do Atlântico Sul no hidroavião Savoia-Marchetti S.55 “Jahú”,
A viagem teve início em Génova (Itália) em 17 de Outubro de 1926, fazendo escalas em Espanha, Gibraltar, Cabo Verde, Fernando Noronha, Natal (14 de Maio de 1927), Recife, Salvador, Rio de Janeiro, Santos, e finalmente, São Paulo (em Agosto de 1927).
Esta viagem só foi possível devido à determinação férrea de João Ribeiro de Barros, e a um telegrama recebido de sua Mãe, em Las Palmas, a 7 de Novembro de 1926, quando tudo parecia perdido:
“AVIADOR RIBEIRO DE BARROS – LAS PALMAS
NÃO DESMONTE APARELHO Pt PROVIDENCIAREMOS CONTINUAÇÃO DO RAIDE CUSTE O QUE CUSTAR Pt PARALIZAÇÃO RAIDE SERÁ FRACASSO Pt AZAS AVIÃO REPREZENTAM BANDEIRA BRASILEIRA Pt RESPONDA URGENTE SE QUER PILOTO AUXILIAR Pt BENÇÃOS DE SUA MÃE “
Para saber mais:
Do dia 20 a 21 de Maio de 1927, Charles Lindbergh, realizou a solo, a primeira “Travessia Aérea Solitária do Atlântico Norte”, ligando Roosevelt Airfield, Long Island, em Nova Iorque nos E.U.A., ao aeroporto de Le Bourget em Paris, França. O voo de Lindbergh durou 33 horas e 31 minutos.
Para saber mais:
© 2021 Lusitânia 100 | Developed by this.functional