Passamos em Itabapoana às 11 h. 4 m. e na barra do Paraíba às 11 h. 24 m. O aspecto do tempo torna-se cada vez mais carrancudo vendo-se ao longe grandes aguaceiros.
[…] À 11 h. 47 m. chegamos ao Cabo S. Tomé.
Grande aguaceiro logo depois de passarmos o cabo.
Tenho ideia de o contornar pelo sul, mas como o aspecto do tempo parece de chuva pesada receio, se assim fizer, perder a terra de vista e não a tornar a ver a tempo de evitar ir esbarrar com qualquer dos muitos montes que por aqui existem.
Decido por isso meter-me ao aguaceiro e conservar-me sempre à vista da praia.
Muito balanço e muita neblina no começo. Algumas vezes sou obrigado a descer a menos de 50 metros de altura para não perder de vista a linha da costa.
Ondulação muito cavada no mar. […]
[…] Às 13 h. 46 m. passamos em Nossa Senhora da Nazaré e no Cabo Negro às 13h57.
Voltam os aguaceiros e o nevoeiro. Novamente sou obrigado a descer e a contornar a linha da praia, mas agora com bastante receio
porque a costa junto ao mar é alta e nada mais fácil do que, nalguma curva mais pronunciada, ir esbarrar com a terra, pois a neblina é tanta que por vezes deixa de ver-se a areia da praia […]
Em 17 de Junho [de 1922], como o telegrama do Observatório Meteorológico do Rio indicasse que o tempo estava melhorando naquela localidade, resolvo largar [de Victória]
Às 9 h. o hidro é arriado e embarcamos após uma afectuosíssima despedida.
Motor em marcha às 9 h, 20 m. e taxíamos para o local onde tínhamos poisado quando da chegada.
Vento sul moderado, mas céu limpo. Levamos 6 horas de gasolina. […]
[…] Às 14 h.10 m. Vejo um dos ilhéus na entrada da Bahia do Guanabara, mas segundos depois perde-se no nevoeiro.
Às 14 h. 17 m. Vejo, já muito perto, um contratorpedeiro brasileiro.
Sei que estou à entrada da baía, mas não se vê nada, o nevoeiro é tão espesso! !
Tenho um momento de indecisão porque se sabe que a entrada é estreita e flanqueada por altas montanhas! ! […]
[…] Passado algum tempo, às 14 h. 24 m., numa clareira de nevoeiro, diviso qualquer coisa que me parece ser uma fortaleza. Meto para lá e tenho o prazer de ver que era o forte de Santa Cruz.
Estávamos dentro da baía do Guanabara!!! […]
[…] Dou uma volta sobre a cidade do Rio de Janeiro, mas, como já fui avistado e numerosos aviões começam voando, resolvo poisar, o que faço às 14 h. 32 m. em frente á Ilha das Enxadas, onde estão os hangares da Aviação Marítima Brasileira.
Salvamos terra içando a bandeira brasileira e dando 21 tiros com a pistola de sinais!!Estava completada a travessia aérea Lisboa-Rio de Janeiro!!! […]